domingo, 17 de abril de 2011

Violência

O caso da Fernanda Mateus, morta estupidamente por dois adolescentes, um de 15 e outro de 17 anos, na última terça-feira (12) na estrada de Aldeia, região metropolitana do Recife, levanta-me inúmeras questões.
O assassinato da Fernanda soma-se ao fato ocorrido na escola em Realengo no Rio de Janeiro para fazer coro a questão do desarmamento. Dois episódios onde a fácil aquisição de armas levou ao fim de vidas cheias de planos. É uma falácia imaginar que se os bandidos estão armados precisamos tbm está armados para nos defender. Isso é propaganda enganosa da indústria bélica. Violência só gera violência. No caso Fernanda, o cara da granja que teve as armas furtadas, acredito que mal usava-as e se tivesse que fazer uso delas, usaria para dar um susto em algum marginal, nunca para matar alguém. Os dois jovens, principalmente o que atirou, não pensou nem uma vez em mostrar pra Fernanda que na arma tinha munição qndo ela duvidou ao dizer que o tambor estava sem bala. Uma arma em mãos erradas só estimula uma falsa coragem em mãos covardes, que pode custar uma vida, um sonho e uma familia destroçada pela dor. Não sou ingênuo de crer que o desarmamento irá por fim a violência. Contudo, muito das armas que alimenta a criminalidade vem do comércio legal de armas.
Qndo soube das idades dos jovens, lembrei do assalto que sofri a alguns anos atrás em um ônibus. Na época um jovem de pouco mais de 15 anos entrou portando uma arma e aos berros fazia ameaças. Lembro bem qndo ele me apontou a arma e perguntou o q tinha na minha bolsa e ao ver apenas cadernos e canetas desistiu. Ele viu apenas canetas e cadernos, eu vi no rosto dele, medo e uma expressão de quem não tinha nada a perder. O assalto me causou certo pavor, mas ver um garoto de 15 anos segurando uma arma, levou-me a questionar muito mais.
Vivemos uma aceitação passiva da negligência do dever das instituições do Estado com relação a segurança e a educação e um desrespeito à noção de cidadania, fruto dessa negligência. Talvez se discuta, junto com a questão do desarmamento, a maioridade penal. Entretanto, acredito que antes de estipular limites para responsabilizar culpados para crimes como o da Fernanda, é preciso estipular medidas que possam transformar a vida de muitos jovens, abandonados pelo poder público.
Ambos os jovens no caso Fernanda não souberam precisar quem havia efetuado o disparo. Segundo eles, haviam feito uso de drogas. Depois do latrocínio, eles venderam os celulares, segundo eles para comprar comida. É tamanho absurdo a relação que se estabelece no fato. Como estabelecer padrões éticos e morais pra quem só conhece a lei da sobrevivência? Para quem tão cedo conhece a violência do vício? Ao mesmo tempo como admitir que um vida possa ser usurpada dessa maneira?
Uma mudança profunda de conceitos se faz necessária.

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