sexta-feira, 21 de junho de 2013

#vaiprasruas

Ontem estive na passeata que reuniu os 50 mil (ou foi 100 mil?!) manifestantes e tomou conta do principal corredor da cidade do Recife, a avenida Conde da Boa Vista. Acompanhei desde a concentração e não imaginava que Recife fosse atender o chamado das redes sociais reunindo um número tão grande de pessoas. Como em outros movimentos, que vem ocorrendo pelo Brasil, a pauta que aparecia nos cartazes era vasta. Dos contrários a PEC 37, àqueles que exigiam melhores condições de saúde e educação e seguia até aos contrários ao projeto de cura gay aprovado pela Comissão de Direitos Humanos e Minorias, semana passada. Pude ver vários momentos onde no meio do movimento aparecia algum "donzelo" (assim era chamado pelos manifestantes aos gritos) que soltavam bombas ou tentava pichar os muros e eram constrangidos pelos manifestantes a não fazê-lo. Fui até a apoteose da passeata, o Marco Zero, no Recife Antigo, onde já sentindo as pernas aos frangalhos eu e uma amiga nós dispersamos do movimento. 
Alguns fatos foram realmente interessantes e  muitas vezes me colocavam a refletir durante a passeata. Em dado momento um jovem começou a gritar "Dilma vai toma no...; fora Dilma!!!" e enquanto alguns outros se valiam da emoção do momento e repetiam eufóricos, um outro grupo vaiava o que silenciou os eufóricos. Afinal, queremos que Dilma deixe a presidência? Então as pessoas querem que o Michel Temer assuma? ou será que estamos nessa luta, para tirar Dilma e colocar o Renan Calheiros (estou tomando por base a lógica dos possíveis sucessores). Eu na minha cabeça, nem tão politizada assim, consigo entender tais clamores e confesso que eles não me representam. Conversando com minha amiga, eu dizia ser extremismo, enquanto ela afirmava: Não, isso não é extremismo, isso é jogo político é proposital!!! 
Em outro momento pude observar alguns manifestantes com os rostos cobertos. Vivemos num país democrático, o ato era democrático. Não vivemos mais num 1964 onde o "cale-se" era a lei, pelo contrário. Então por que  esconder o rosto? Como disse minha amiga "para mim, boa intenção não tem."
O ato em Recife foi memorável, para ficar na história. Mesmo que muitos nem façam ideia do que representou politicamente sua participação naquela passeata, as consequências é uma classe política anestesiada, assustada feito formigueiro ameaçado sem saber o que fazer. 
Que venha os próximos capítulos dessa aula prática de história.

quarta-feira, 19 de junho de 2013

CDH e a cura gay

Estamos muito bem servidos de representantes no que concerne a presidência de Comissões de Direitos Humanos (CDH). Não bastasse "aquele" lá em Brasília, em Recife/PE quem assumiu a presidência da CDH da Câmara dos Deputados foi a missionária Michelle Collins. A deputada, pertencente ao segmento evangélico, a alguns dias fez um fervoroso discurso, na Câmara, onde criticou a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de obrigar os cartórios do Brasil a aceitarem celebrar casamento civil entre pessoas do mesmo sexo e defendeu a submissão da mulher. Para a deputada "O homem está sim acima da mulher". 
Por falar em CDH, ontem foi aprovada na CDH da Câmara em Brasília o projeto de cura gay, que permite que psicólogos curem pacientes gays. Trata-se de um retrocesso desde que coloca a homossexualidade como doença. Desde 1990 a Organização Mundial de Saúde (OMS) retirou a homossexualidade da sua lista de doenças mentais. O projeto ainda terá que passar pela Comissão de Seguridade Social e pela Comissão de Constituição e Justiça, para então ser votada no plenário da Câmara e passar pela caneta da Dilma. Até lá é bom ficar de olho, desde que  "aquele" lá da CDH, ameaçou uma rebelião caso o governo interferisse no andamento do projeto. Eu acho que ele não tem assistido o noticiário pra saber o que é rebelião.
O que me causa mais espanto é que enquanto a população brasileira se levanta de suas poltronas, sai da frente da TV e vai pra ruas protestar contra todo esse sistema político imundo. Enquanto centenas de brasileiros luta nas ruas por uma equidade social. Meia dúzias de deputados evangélicos (FDP!!!) estão votando leis para definir se homossexualidade é doença ou não. Sinceramente, vamos ser enrustido, mas isso é o cúmulo da bicha psicótica e noiada...   

segunda-feira, 17 de junho de 2013


Eu tenho observado essa movimentação desde a semana passada, quando alguns manifestantes protestaram contra o aumento das passagens de ônibus em São Paulo e onde numa atuação truculenta da polícia, o governo terminou dando um tiro no próprio pé. De lá para cá, as  manifestações foram se alastraram país afora.
Eu estava meio reticente em escrever algo sobre o assunto para o nosso blog, porque queria entender melhor o que existia por trás dos vinte centavos. O que estava levando  a movimentos acalorados que arrebatavam um número tão grande de pessoas às ruas. Até que assistindo o noticiário hoje a tarde, num canal fechado, entendi alguns pontos. 
Primeiro, é preciso dizer que vinte centavos foi e é um dos motivos para as manifestações, desde que faz diferença no bolso de um trabalhador que recebe um salário mínimo de 678 reais. Entretanto, o motivo para essas manifestações vai muito além dos vinte centavos, como algumas agências  de notícias tem colocado. 
Há um conhecido ditado que diz: a gente engole um elefante e se engasga com um mosquito. Nesse caso, o mosquito foi os vinte centavos que ficou entalado, surgindo uma necessidade enorme de por para fora todo nosso inconformismo. Logo, os manifestos são também para criticar o sistema público de saúde que não funciona e que o governo insiste em deixar na mão do serviço privado; de criticar o sistema educacional que desmerece o papel do professor e forma alunos que chegam no último ano do ensino fundamental sem saber escrever o próprio nome; de criticar um sistema de segurança que amedronta e deixa a todos inseguros diante de uma polícia despreparada, logo um serviço público inepto o qual os governos fazem questão de não fazer nada para melhorá-los. De criticar uma classe política corrupta, que debocha da cara do povo com emendas constitucionais como a PEC 37; de criticar contra a FIFA que acha que nosso país é a casa da mãe Joana e pode mandar e desmandar; de criticar os gastos públicos (eu falei PÚBLICOS – dinheiro do seu trabalho na forma de impostos!!!) para a preparação de uma copa que deverá deixar um rombo sem precedentes nos cofres públicos, com estádios que custaram 600 milhões (a Arena Pernambuco por exemplo). Observa, os 'vinte centavos' se diluiu diante dos gigantes elefantes os quais a população vem engolindo a um bom tempo e acredito que tá passando da hora de  vomitar todos eles.
Só não sou de acordo com os atos de vandalismo e violência que alguns manifestantes insistem em deixar durante alguns protestos. Atos de baderna só pejorativam e desacreditam o movimento. A violência não é um caminho producente que legitime os manifestos. Ao mesmo tempo, é preciso diferenciar no meio dos que lutam por mudanças, àqueles que apenas se aproveitam, acreditando que a rebeldia violenta e sem noção poderá nos levar à mudanças concretas e de perceber que nunca tivemos um exemplo de polícia bem preparada e que alguns representantes desta classe apenas sabem cumprir ordens daqueles que nos enfiam elefantes goela a dentro.
Pra terminar, por hora, lembro que li algo que reflete bem o momento que se instala no país e que fala mais ou menos assim: O Brasil alterou seu status de “Deitado eternamente em berço esplêndido” para “Verás que um filho teu não foge à luta”.