segunda-feira, 27 de agosto de 2012

E vc, é bobo ou esperto?

Encontrei um lindo texto de Clarice Lispector. E resolvi postar aqui no blog para que possamos curti-lo, espero que gostem.

AS VANTAGENS DE SER BOBO

O bobo, por não se ocupar com ambições, tem tempo para ver, ouvir e tocar o mundo. 
O bobo é capaz de ficar sentado quase sem se mexer por duas horas. Se perguntado por que não faz alguma coisa, responde: "Estou fazendo. Estou pensando."
Ser bobo às vezes oferece um mundo de saída porque os espertos só se lembram de sair por meio da esperteza, e o bobo tem originalidade, espontaneamente lhe vem a idéia.
O bobo tem oportunidade de ver coisas que os espertos não vêem. Os espertos estão sempre tão atentos às espertezas alheias que se descontraem diante dos bobos, e estes os vêem como simples pessoas humanas.
O bobo ganha utilidade e sabedoria para viver. 
O bobo nunca parece ter tido vez. No entanto, muitas vezes, o bobo é um Dostoievski.
Há desvantagem, obviamente. Uma boba, por exemplo, confiou na palavra de um desconhecido para a compra de um ar refrigerado de segunda mão: ele disse que o aparelho era novo, praticamente sem uso porque se mudara para a Gávea onde é fresco. Vai a boba e compra o aparelho sem vê-lo sequer. Resultado: não funciona. Chamado um técnico, a opinião deste era de que o aparelho estava tão estragado que o conserto seria caríssimo: mais valia comprar outro. Mas, em contrapartida, a vantagem de ser bobo é ter boa-fé, não desconfiar, e portanto estar tranqüilo. Enquanto o esperto não dorme à noite com medo de ser ludibriado. O esperto vence com úlcera no estômago. O bobo não percebe que venceu.
Aviso: não confundir bobos com burros. Desvantagem: pode receber uma punhalada de quem menos espera. É uma das tristezas que o bobo não prevê. César terminou dizendo a célebre frase: "Até tu, Brutus?"
Bobo não reclama. Em compensação, como exclama!  
Os bobos, com todas as suas palhaçadas, devem estar todos no céu. Se Cristo tivesse sido esperto não teria morrido na cruz.
O bobo é sempre tão simpático que há espertos que se fazem passar por bobos.
Ser bobo é uma criatividade e, como toda criação, é difícil. Por isso é que os espertos não conseguem passar por bobos. Os espertos ganham dos outros. Em compensação os bobos ganham a vida. 
Bem-aventurados os bobos porque sabem sem que ninguém desconfie. Aliás não se importam que saibam que eles sabem.
Há lugares que facilitam mais as pessoas serem bobas (não confundir bobo com burro, com tolo, com fútil). Minas Gerais, por exemplo, facilita ser bobo. Ah, quantos perdem por não nascer em Minas!
Bobo é Chagall, que põe vaca no espaço, voando por cima das casas. É quase impossível evitar excesso de amor que o bobo provoca. É que só o bobo é capaz de excesso de amor. E só o amor faz o bobo.

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Guinhoamaneném!

Desde pequeno que crio algum tipo de animal doméstico, em sua maioria gatos. Tenho verdadeira adoração por gatos e toda a sua adorável lábia e classe na arte de conquistar e fazer o que mais gostam, brincar e dormir. Muitos destes felinos passaram por minha vida sem que pudesse datar exatamente sua entrada e saída em minha vida. Eles simplesmente apareciam e sumiam para nunca mais. Com Pink foi diferente, soube exatamente o dia que ela entrou e o dia em que ela partiu, deixando um vazio enorme dentro de casa e na minha alma de menino de interior, agarrado ao gato com os pés no chão. Em seus últimos dias ela me fez refletir na difícil decisão da eutanásia, mas antes que se fizesse, a natureza encarregou-se de fazê-la partir. Poucos dias antes de sua partida, lembro que cheguei bem perto dela, que deitada me olhava, e tentei passar-lhe passividade, nesse momento confuso. Tenho certeza que ela entendeu. Agora só restou uma forte impressão de que a qualquer hora ela chegará no meu quarto para dormir ao meu lado ou que miará autoritária pedindo comida e água fresca.

Indelicado....Você acha?

Vez ou outra parece que entramos numa vibe retrô e começamos a vasculhar os baús. Nessa onda de customizar e repaginar o antigo, sem tirar o seu charme, está a Gina Indelicada, o Quaker Conselheiro e o Velho Quaker Indelicado. No Facebook atualmente essa é a onda. Curioso é que uma ideia boa termina gerando clones e mais clones (alguns bem ruins). Uma boa ideia termina gerando bons negócios também, a empresa Rela Gina que antes queria a caveira do estudante do 3º semestre de publicidade, Ricck Lopes, que deu vida a Gina Indelicada, agora já pensa em uma parceria com ele.

Um novo vingador, um novo futuro.

Frenético. É isso que posso dizer do novo Vingador do Futuro. 
Esqueça Marte. Marte é assunto para o Robô Curiosity atualmente. No novo Vingador do Futuro a questão política gira em torno da disputa entre as duas ultimas regiões habitáveis do planeta, a Federação Unida da Bretanha e a Colônia, antiga Austrália. O Arnold Schwarzenegger é vivido agora pelo Colin Farrell, que não é uma máquina de músculo como o anterior, mas possui uma entrega física tão boa quanto. Sua interpretação na busca do "quem eu sou?", é tão convincente que me deu aflição. As longas sequências de luta entre ele e a Kate Beckinsale, sua esposa no início do filme, que logo se mostra principal algoz, são de tirar o folego. Por sinal as longas sequencias de luta e perseguição são tão longas que fica evidente o enchimento de linguiça. Kate Beckinsale, esposa do diretor do filme, corre, salta, pinta e borda, tem uma força impressionante que difícil crer que não tenha um homem como dublê em suas cenas. Os efeitos especiais são ótimos e a trilha sonora também não deixa a desejar (Ragazzo tá me fazendo ter o ouvido bom para esses detalhes). Assisti o primeiro em 1990 e gostei ao ver que o atual se prende a pouca coisa do anterior, praticamente uma nova estória. A Rekall continua suas atividades, como na primeira versão. Oferecendo memórias e experiências as mais variadas, é só escolher. Com tantos elogios talvez seja contraditório dizer que a versão com Schwarzenegger é superior ao atual, mas saí do cinema com essa impressão. Contudo, trata-se de um filme de ação e, sendo prático, ele atende bem ao que se pede: tem tiros, explosões, lutas e dá margem a continuações da saga. O futuro ao vingador pertence.

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Sou eu mesmo, pode chegar!

Não sei ao certo, se minha ascendência em Gêmeos, se meu sol em Leão, se meu transtorno bipolar ou minha tendência a hiperatividade, embora o deficit de atenção de que sofro, mas já notou que vivo mudando o layout e design do blog?
Tem hora que entro no blog e me dá um abuso de vê-lo sempre com a mesma cara. Ai, mudo tudo e pronto. As vezes erro feio, as vezes acerto, mas mudo e pronto. Por isso não se espante, sou eu mesmo. O mesmo Uomo de sempre, cada vez mais Uomo, cada vez mais eu mesmo...chega junto vai!

Seu pai morreu...

Enquanto alguns utilizam de lâmpadas fluorescentes para expressar toda sua agressividade em ataques homofóbicos, outros tentam inovar. Um empresário americano, Frank Mandelbaum, deixou uma herança de U$ 180 mil  para seu filho, Robert Mandelbaum. Robert tem 47 anos e é juiz da Corte Criminal de Manhattan (Nova York). Contudo, em testamento Frank exigiu que, para receber a herança, Robert precisaria case-se com uma mulher. Detalhe, a mulher em questão é a que fez barriga de aluguel para Robert que é casado com outro homem, Jonathan O'Donnell. Como se não fosse suficiente a posição do patriarca, a viúva apoiou a posição anti-gay do falecido. Robert tenta contestar na justiça a posição do pai e liberar o valor destinado para o neto de Frank. A advogada de Robert alega: "Está claro que o Frank queria era forçar o filho a casar-se com uma mulher". 

segunda-feira, 20 de agosto de 2012

Se eu fosse um peixinho...

Sempre quis ter um aquário. Agora eu consegui, e melhor, com peixes na cor que eu quero. Você tbm pode me ajudar a dar comida a eles, é só clicar neles. Quer ter um tbm? clica aqui oh... ;)

domingo, 19 de agosto de 2012

Um simples giro

Assisti a 360, novo filme de Fernando Meirelles e na minha opinião é um filme simples. Fernando Meirelles em entrevista disse trata-se de um dos mais simples de sua carreira. Tão simples que é gostoso de ver. O filme conta com artistas de peso como Anthony Hopkins, Jude Law e Rachel Weisz (que trabalhou com o diretor em O Jardineiro Fiel), mas nenhum desses são protagonistas ou ganham maior tempo em tela. No filme o protagonista mesmo é o momento de reflexão que cada um dos 11 personagens vivem em suas vidas e que está ligada ao desejo e ao amor. As relações que vivem e como vivem estas relações. Como antagonista na estória está as regras impostas pela sociedade e pelas religiões. O que é certo ou errado?; o que é pecado ou ético? Dicotomias que levam cada personagem a buscar o melhor caminho a seguir quando este se bifurca. Embora tenha colocado que não há protagonistas na estória, desde que cada uma das nove estórias mantem sua individualidade, Maria Flor é um gostoso espetáculo a parte para se ver na tela grande. Timidamente parece encher a tela com sua graciosidade. Outro "gostoso" espetáculo é o Juliano Cazarré, que protagoniza uma cena para lá de bonita e quente com Rachel Weisz, mas some logo em seguida. Além destes outra atuação marcante é do ator Jamel Debbouze (que como lembrou o Ragazzo, trabalhou em O Fabuloso Destino de Amélie Poulain). Outro ponto alto do filme é a trilha sonora, de um bom gosto refinadíssimo. Senti meu coração se derreter todo ao escutar "Mente ao meu coração" na voz de Paulinho da Viola. Por fim 360 é um ótimo filme porque fala da vida e aborda reflexões e questões atuais de maneira enxuta sem desbancar para o melodrama. 




quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Eu tenho mais de 20 anos


Quando eu tinha uns 15 anos, eu pedi a Deus para morrer antes de completar os 20. Na verdade eu tinha medo da carga de responsabilidades e da postura que a idade viria a exigir de mim. Fazer 20 anos seria assumir posturas e atitudes as quais eu não gostaria. Mas parece que Deus esqueceu do meu pedido ou não levou ele muito a sério e inadvertidamente quando me dei conta eu havia chegado aos 25. Ao olhar para trás pude perceber que os 20 havia chegado e não tinha exigido nada além do que eu tinha para dar. Observei também que sempre fui um adulto preso no corpo de uma criança e que tornar-me adulto era um momento de liberdade, que até então não tinha desfrutado. E nesse momento eu levei uma conversa séria com Deus e pedi para ele esquecer de uma vez por toda o meu pedido. Confesso que passei a ter mais cuidado ao atravessar a rua e evitei alguns esportes radicais. Até que desencanei e quando me dei conta tinha feito 30 anos. Foi nesse momento que eu pirei o cabeção.
30 anos, puta que pariu! Como assim?!
Ai não tive outra alternativa, fui obrigado a procurar ajuda psicológica. Tudo culpa de uma ideia preconceituosa de uma geração antes da minha. Cresci acreditando que aos 30 anos, estaria na metade da vida e que esta deveria está praticamente estabilizada, profissionalmente e sentimentalmente. Orá, meu pai com 30 anos já tinha 3 filhos e era casado, além de possuir um emprego estável. Olhei para mim e vi um recém formado, sem emprego, sem filhos, solteiro, morando com os pais e psicologicamente me sentindo com 25 anos de idade. É ou não é para pirar?!
Não sei qual a linha que a psicóloga usou, se junguiana, comportamental ou psicodrama. Sei é que ela olhou para mim e na minha cara disse: Uomo, volta pra base e deixa de frescura! Parece que resolveu. Porque quando fiz 30 anos uma urgência de ser feliz tomou conta de mim. Eu precisava ser feliz como nunca tinha sido e para isso eu precisava mergulhar dentro de mim e poder ler todas as cartas que escrevera na infância. Trazer a tona todos os medos, colocar na mesa tudo que sou e tudo que me tornei. O que queria realmente continuar a ser e por a baixo todas as mascaras que não mais queria em mim. Quando fiz 30 anos eu precisei começar a ser, para ver o que eu tinha conseguido ter. 
Hoje faço 35. Não voltei ainda desse mergulho, mas já voltei muitas vezes a superfície para respirar e pude perceber que quanto mais mudo meu mundo interno, mais meu mundo externo entra em um redemoinho louco de mudanças e acontecimentos que me forçam a sair do meu chão. Não me vejo tão experiente, embora sinta-me mais maduro, mais safo. Hoje faço 35 e o melhor presente é saber dos amigos que fiz nesse caminho. Que alguns se tornaram irmãos de alma e ficaremos para sempre juntos. Que muitos outros ainda me farão ver novos mundos e experimentar novos sabores. E quando menos perceber...eita olha eu com 40.
Ontem de manhã quando acordei, olhei a vida e me espantei...eu tenho mais de 20 anos!