sexta-feira, 24 de junho de 2011

Anarriê... alavantu!

Diferente de outros Estados, aqui em Pernambuco, assim como em todo nordeste, festa junina é coisa sagrada e séria. É momento de viajar para o interior, pra casa de algum parente. Mesmo quem não viaja e fica na capital procura curtir os diversos rela bucho espalhados pela cidade. As festas juninas são muito antigas, anteriores inclusive ao cristianismo. Suas origens estão no Egito Antigo, onde nesta época era celebrado o início da colheita, cultuando os deuses do sol e da fertilidade. Com o domínio do Império Romano sobre os egípcios, essa tradição foi espalhada pelo continente europeu, principalmente na Espanha e em Portugal. Quando o cristianismo tornou-se a religião oficial do Ocidente, a festa mudou para homenagear o nascimento de São João Batista, que foi quem batizou Jesus. Por ser colônia portuguesa, o Brasil herdou o costume, principalmente no Nordeste, em que os festejos coincidem com a colheita de milho.
Lembro-me saudoso que a alguns anos atrás, já havia viajado para o interior e estava perto do fogo, mexendo um caldeirão enorme de canjica, com minha avó, advertindo pra eu não parar em hipótese alguma de mexer, caso contrário desandaria tudo. Embora, o vapor queimasse minhas mãos e me deixasse em situação desconfortável, lá estava eu, mexendo o caldeirão. Lembro de ajudar meu pai com a lenha para a fogueira, de ver toda a casa em um clima de expectativa e euforia. Tudo é preparativo, tudo tem que está perfeito pra festa de São João. Minha mãe, que nunca foi muito chegada ao dotes culinários, na cozinha batia uma infinidade de bolos e costurava as forminhas da pamonha. São João é antes de tudo resgatar um elo. De poder está perto da família e com ela festejar. É o resgate de tradições, da essência de ser nordestino com muito orgulho e bairrismo.

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