quarta-feira, 2 de julho de 2014

Tatuado

Fui tentar ver o filme Tatuagem quando na sua estreia no Recife. Sem chance. Filas quilométricas se faziam e salas lotadas com ingressos esgotados, me fizeram desistir e deixar a poeira baixar. O filme entrou em cartaz embalado pelo inúmeros prêmios, não à toa foi vencedor de quatro Kikitos no Festival de Cinema de Gramado, cinco redentores no Festival de Cinema do Rio, além de prêmios da critica especializada. Ontem depois de uma boa baixada de poeira, embora o filme continue em cartaz no Cinema São Luiz (Recife/PE), fui assisti-lo. Tatuagem é um filme realmente maravilhoso, merecedor de todos os prêmios recebidos. Uma trilha sonora linda, com destaque para Irandhir Santos cantando "o meu amor" de Chico Buarque; uma atuação impecável do Irandhir, o que eu não esperava outra coisa; e uma atuação do Rodrigo Garcia de roubar a cena; além logico de todo o resto do filme. O filme que levou sete anos para ser concluído só mostra que o cinema feito fora do "eixo" consegue ser mais maduro frente aos pastelões vendidos. Tatuagem fala de valores, politicas conservadoras, de amor, de liberdade. Como pano de fundo para a estória de Clécio Wanderley (Irandhir Santos) e Fininha (Jesuita Barbosa), está a trupe teatral chão de estrelas uma referência ao Grupo de Teatro Vivencial, que sob a influência do tropicalismo e da contracultura foi o marco de irreverência e transgressão na cena cultural pernambucana dos anos de 1970 e 1980. Tatuagem é um daqueles filmes essenciais para serem assistidos porque entende cada personagem pelo lado da emoção, do sentimento que lhe imprime a marca do inesquecível. Porque mostra uma trupe de atores que enxergam o futuro assim como ele é hoje cheio de vícios e traumas de um regime imposto.