segunda-feira, 29 de julho de 2013

Conformismo ou diplomacia?

Nunca achei que deveria sair ao mundo, falando sobre a minha
orientação sexual. Cada um tem a sua e vive ela da melhor forma possível. Meus irmãos nunca tiveram que dizer:
- Gente... Eu queria dizer a vocês que... Eu gosto de mulher!!!
Do mesmo modo achava que não havia motivos pra fazer o mesmo.
- Gente... Eu queria dizer a vocês que... Eu gosto de homens!!!
Embora, deva dizer que o fiz a alguns poucos que não passam dos cinco dedos da mão esquerda (porque sou canhoto) e não vejo que tenha sido por considerá-los mais que outros, muito pelo contrário.
Hoje praticamente todos os meus amigos, e vale dizer que são todos heterossexuais,  sabem. Problemas?! Não, nenhum... Quer dizer...
Vivemos numa sociedade educada a pejorativar o diferente, orientada que relações entre homens ou entre mulheres são erradas, pecaminosas, fora da regra padrão e até põem em risco a saúde pública. Isso ocorre nas piadas infames, nos adágios populares ditos sem pensar, nos pequenos deslizes nossos de cada dia e ate mesmo entre homossexuais (autodepreciação provocada por reflexo condicionado talvez). De repente, não mais do que de repente, tudo se transforma em homofobia e a geração PIF (Pseudo Intelectual Fashion) procura se adequar com depoimentos do tipo: Meu cabeleireiro é gay e gosto muito dele!!!
Quantas e quantas vezes já não senti o desconforto nos olhos de alguns dos meus amigos ao lhes contar sobre relacionamentos meus ou fatos ocorridos comigo.
E como encaro tudo?
Ora, normal.
Não há nada mais normal do que eles se sentirem estranhados.
Relações homossexuais sempre existiram, mas estavam confinadas aos guetos, as marquises escuras, as boates difamadas, a locais marginalizados; feita por pessoas promíscuas, pervertidas e pornográficas cuja única coisa que passa por suas mentes é sexo ou querer ser uma coisa que não são, nem serão, graças a mãe natureza. Nunca no centro, nunca na mídia, nunca sem máscaras no meio da sociedade e que de uma hora para outra, nunca ficou tão exposta, nunca tão clara... Graças a Deus!
Logo, o desconforto gerado é normal. Contudo, ao mesmo tempo em que noto e sou resiliente diante das limitações, estou vigilante para que não ultrapassem a fronteira tênue do desrespeito. Muito mais do que compreensão quero respeito.
Por isso, embora respeite as posições extremadas de alguns amigos gays, eu não posso concordar que processos de igualdade se façam com radicalismos, mas com educação.
O desconforto no olhar de alguns amigos é nítido, mas ao notar procuro agir como se nada estivesse acontecendo, como se estivesse dizendo a coisa mais banal da face da terra (e estou!) e que praticamente nem notei que ficou ruborizado. Acredito que é agindo normal que aos poucos iram notar que minhas relações são tão normais quanto as relações heterossexuais deles. Que o errado, pecaminoso, fora da regra e que põem em risco a saúde pública está tanto nas minhas atitudes quanto nas atitudes deles. Esta tanto na minha orientação, como na orientação deles. Minha orientação não é uma arma para ferir ninguém, é uma forma que tenho para viver e me relacionar com o mundo que vivo da melhor forma possível.
Se o desconforto existe, não posso deixar de perceber o respeito, o carinho e a necessidade de proximidade que vem deles... Onde mora o preconceito nesse caso?!

E penso cá com meus botões: Conformista ou diplomata?!